A scale-up é uma empresa que já validou seu produto no mercado e provou que pode “caminhar com as próprias pernas”. Fazendo um comparativo simples, assim como criança e adolescente são a mesma pessoa, apenas em diferentes estágios de crescimento, startups e scale-ups também não são duas coisas distintas — antes que exista uma expansão “para a vida adulta”, a empresa deve começar como uma startup.
A seguir, vamos falar mais sobre aspectos do tema. Acompanhe!
Dados sobre scale-ups no Brasil
As scale-ups representam apenas 1% das empresas brasileiras, segundo dados da Endeavor. Para serem enquadradas nesta categoria, estas corporações precisam crescer 20% ao ano, por pelo menos três anos consecutivos.
No entanto, mesmo existindo em números tão baixos, esses negócios têm um impacto muito grande na economia: ainda de acordo com a Endeavor, eles são responsáveis, por exemplo, por quase 60% dos novos empregos no Brasil. Para se ter uma ideia da representatividade em termos de crescimento, enquanto uma empresa “normal” contrata em média 0,34 profissionais por ano, uma scale-up gera 31 novos postos de trabalho, o que representa uma diferença 100 vezes maior.
Principais diferenças entre scale-up e startup
É comum que confundam esses dois termos. Mas, existem algumas diferenças entre eles:
1. Ajuste do produto no mercado
A diferença mais óbvia entre uma startup e uma scale-up é a adequação do seu produto no mercado: enquanto as startups ainda estão experimentando itens como segmentação e custos de aquisição de clientes ou testando diferentes produtos para definir seu público-alvo, por outro lado, as scale-ups já validaram essas suposições, provando que suas unidades são economicamente sustentáveis.
Em outras palavras, as scale-ups sabem que se colocarem X no negócio, receberão Y em troca. Esse nível de clareza permite que elas utilizam sua receita com confiança, para continuarem no modelo que já estão seguindo, apenas em uma escala ainda maior.
Por outro lado, as startups ainda não conseguem ter certeza de que tipo de retorno obterão com seu negócio. Como tal, a maior parte do seu capital financeiro é destinada à experimentação. Ou seja, em busca de “descobrir o que funciona”. Este processo de descoberta, geralmente leva, para a maioria das startups, pelo menos cerca de um ano.
2. Fase de financiamento
Como as startups e scale-ups estão em diferentes estágios de crescimento, não é de surpreender que elas também estejam em fases de financiamento distintas. As startups normalmente têm financiamento zero, ou ainda, muitas vezes estão em sua primeira rodada de investimento. No momento em que uma segunda rodada é iniciada, essas startups geralmente já estão amadurecidas e passaram da primeira fase.
Regra prática: se a empresa pode fornecer aos seus potenciais investidores mais validação do que um MVP, uma equipe confiável e uma grande oportunidade de mercado, provavelmente ela está a um passo de se tornar uma scale-up.
3. Funções dos membros da equipe
Durante os estágios iniciais do crescimento da empresa, não é incomum que os membros da equipe assumam várias funções. A maioria das startups, inclusive, contrata profissionais com um conjunto de habilidades específicas para determinada função, mas também espera que essas pessoas sejam proativos em relação a outros desafios, à medida que eles surgem, para desenvolver estratégias, sistemas e processos desde o início.
Conforme a startup se encaminha para sua expansão, no entanto, é importante restringir as atividades dos times. Ou seja, na prática significa transformar a equipe de vendas e marketing em dois departamentos separados, ou contratar especialistas para cada função nestas áreas. Afinal, para crescer, uma scale-up deve se concentrar na busca pelo seu aprimoramento e profissionalização.
4. Aversão ao risco
Outra diferença importante é que quanto maior a empresa, maior a sua aversão ao risco.
Por exemplo, uma startup que possui uma pequena base de clientes, um produto não validado e tração zero, pode não ter muito a perder quando confrontada com a perspectiva de investir em uma ideia mais ousada.
Nos primeiros dias, o sucesso de uma empresa depende de sua capacidade de girar rapidamente em resposta aos comentários, dados e ideias recebidas. Por outro lado, os investidores, clientes e membros da equipe agora esperam aumentos de escala para multiplicar os resultados rapidamente. Quanto mais dinheiro se ganha, mais cuidadosa a empresa tem que ser quando se trata de experimentar novos mercados.
5. Processos em vigor
Por natureza, as startups geralmente têm processos mais livres — ou muitas vezes acabam não tendo nenhum. Mesmo assim, os profissionais têm uma liberdade maior de experimentarem vários processos até descobrir o que funciona melhor para eles.
À medida que a startup torna-se uma scale-up, todos os sistemas e processos precisam ser unificados, principalmente para todo mundo “falar a mesma língua” e manter o controle de qualidade dos projetos.
6.Hierarquia de gerenciamento
A liderança necessária para uma empresa em estágio inicial é totalmente diferente da necessária para uma organização maturada. Em linhas simples, quanto maior o crescimento, mais pessoas para gerenciar.
Embora a gestão de uma equipe de 10 colaboradores seja totalmente possível para alguns founders, supervisionar um time maior do que esse número pode ser bastante complicado.
À medida que os departamentos crescem e mais profissionais entram em cena, existe mais espaço para erros ao passar projetos de uma função para a seguinte. Se não conseguir gerenciar esses novos desafios corretamente, você terá rotatividade de funcionários, moral reduzida e produção reduzida.
Por esse motivo, as expansões normalmente incorporam novos líderes com experiência em gerenciamento corporativo. Quanto mais gerentes você supervisionar métricas, cotas e processos, mais eficazes os fundadores poderão escalar a empresa para maiores alturas.
7. Onboarding
Os profissionais que trabalham em startup tendem a ter uma sólida compreensão do que todo mundo faz, afinal a equipe é muito pequena. Além disso, isso também permite uma vivência mais próxima com os founders do negócio.
Entretanto, o mesmo não acontece no caso da scale-up: ela não pode esperar que suas novas contratações contribuam imediatamente no primeiro dia, sem terem passado por algum tipo de processo de integração.
Para manter todos os colaboradores igualmente engajados com a empresa, essas empresas precisam promover aos novos contratados um treinamento sobre os objetivos de negócios e seus valores culturais.
8. Comunidade
Por fim, sem um grupo de startups com grande potencial, não há scale-ups. Por isso é tão importante o papel da rede que se forma por empreendedores. Enquanto todos trabalham duro, o cenário de desenvolvimento de produtos pode facilmente evoluir para estabilização e lucro certos.