Muitas empresas encontram dificuldades financeiras por não se atentarem ao fluxo de caixa. Os valores de vendas, embora importantes, não refletem a realidade financeira da empresa no dia a dia.
Especialmente nos negócios que trabalham com a sazonalidade, um pico de vendas não indica necessariamente que há dinheiro em caixa para liquidar os compromissos e manter a empresa operando.
Quando a falsa impressão de que há dinheiro sobrando é criada, é preciso ter cuidado!
Neste artigo, vamos explicar o que significa esta ferramenta a fundo e como aplicá-la de forma eficiente na sua empresa. Acompanhe!
O que é fluxo de caixa?
Refere-se a quantia que a empresa tem de entrada e saída todos os dias. isto é, o quanto é recebido e o quanto é pago diariamente.
Fazer uma gestão minuciosa desse fluxo é vital para a saúde financeira da empresa! Sem ele, o risco de desorganização é grande e pode comprometer o orçamento organizacional.
O controle do fluxo de caixa é feito por meio de registros detalhados do quanto entra e quanto sai da empresa diariamente. Essas informações registradas devem ser precisas e não conter erros.
Cabe ao gestor, ou ao responsável pelo departamento financeiro da empresa, supervisionar esse controle de caixa periodicamente para garantir que tudo seja feito de forma correta.
A frequência com que a supervisão deve acontecer varia de acordo com cada empresa. No entanto, vale ressaltar que, sobretudo para as empresas iniciantes, quanto maior a frequência, melhor o controle sobre o orçamento da empresa.
O que deve ser registrado?
A maneira mais eficiente de garantir que seu controle de caixa está sendo feito corretamente é se assegurar que até as mínimas despesas estão sendo registradas diariamente.
Essa gestão pode ser iniciada com uma simples planilha no Excel, por exemplo. O responsável deve registrar, todos os dias, as despesas e as receitas da empresa.
Obviamente, o porte do negócio é o que vai determinar a melhor maneira de realizar esse controle do caixa e de seu fluxo. As empresas maiores podem realizar um controle mais eficiente utilizando um sistema de gestão online ou um software de gestão.
A maior parte dessas ferramentas apresentam dados importantes para que a empresa consiga sempre se ajustar aos altos e baixos do caixa. Com esses recursos, o gestor tem uma visão mais detalhada sobre a situação financeira da empresa.
Qual é a sua importância?
O fator mais relevante em relação a gestão do caixa é, certamente, a tomada de decisão.
Um fluxo bem organizado e controlado permite que o gestor possa tomar decisões importantes e, muitas vezes arriscadas, sabendo que possui um respaldo financeiro de apoio.
Entenda a importância do fluxo de caixa em um exemplo prático:
Suponhamos que o gestor decidiu criar promoções exclusivas aos clientes, promovendo alguns dias de descontos. A ação gerou um aumento de 30% acima do esperado nas vendas e gerou um lucro de R$100 mil.
Contudo, ao fazer o registro do caixa, foi possível notar que os custos dessa ação chegaram a R$92 mil.
Dessa forma, o controle do fluxo permitiu que o gestor observasse que o que parecia um lucro importante de R$100 mil se tornou um lucro pequeno de R$8 mil.
Com base nesse registro, o gestor pode concluir que a ação não foi bem-sucedida por não dar um retorno expressivo à empresa.
Neste caso, o fluxo de caixa atuou como um medidor de sucesso das ações que, a primeira vista, parecem ser ideias incríveis que gerarão lucro à empresa.
Da próxima vez, o gestor poderá pensar em uma maneira de reduzir os custos de uma ação e, assim, realmente obter os lucros esperados.
A periodicidade na qual o caixa é controlado é que permite que o gestor possa acompanhar todas as movimentações financeiras da empresa, além de decidir em que áreas ele deve intervir para reduzir custos e aumentar os lucros.
Fluxo de caixa para as micro e pequenas empresas
O gestor ou empreendedor deve sempre partir da premissa que, quanto mais limitado for o orçamento da empresa, maior deverá ser o fluxo de caixa.
Para as micro e pequenas empresas, esse boa gestão passa a ser fundamental para que o negócio sobreviva os primeiros anos e possa se ampliar.
De acordo com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas), as vantagens da gestão de caixa são as seguintes:
- Prever, planejar e controlar entradas e saídas em um período determinado;
- Confirmar se os recursos financeiros próprios serão suficientes para tocar o negócio ou se há necessidade de buscar dinheiro extra.
- Antecipar e tomar decisões quanto à falta ou à sobra de dinheiro;
- Descobrir se a empresa está trabalhando no limite ou com folga financeira;
- Avaliar se o recebimento por vendas será suficiente para cobrir gastos assumidos e previstos e tomar as decisões pertinentes;
- Ter recursos para ajustar o preço de venda para cima ou para baixo;
- Verificar a possibilidade de realizar promoções e liquidações;
Enfim, em momentos de crise financeira, o fluxo é o fator decisivo para indicar ao gestor o melhor caminho a seguir.
Conheça alguns tipos de fluxos de caixa
Existem diversos modelos de fluxo de caixa. Conheça alguns dos principais e veja para o que cada um deles serve e quando usá-los!
Fluxo de caixa descontado
O fluxo de caixa descontado serve para fazer o cálculo do valor de uma empresa, de um produto ou de um projeto.
Com ele, torna-se possível prever o fluxo que a empresa terá no futuro. Para isso, desconta-se uma taxa que considera os custos de capital e os riscos do empreendimento.
Esse tipo de fluxo de caixa é normalmente utilizado durante a captação de investimentos pelas empresas. Ou, então, em fusões, venda de ações ou da própria empresa.
Fluxo de caixa simples
Este outro modelo se revela no registro de entradas e de saídas de recursos financeiros, ou seja, de gastos e de ganhos.
Assim, ele se volta a todas as movimentações financeiras que ocorrem na empresa. Com ele, torna-se possível determinar o saldo disponível para tomar decisões e ações.
Ele revela o saldo da empresa e, com isso, se existem valores para aplicação em investimentos. Isso também traz informações sobre a situação financeira nos próximos meses.
Ainda, com ele o gestor tem conhecimento da situação geral financeira da empresa. O fluxo de caixa simples traz informações, por exemplo, sobre a necessidade de negociação com fornecedores.
Fluxo de caixa operacional
O fluxo de caixa operacional, a princípio, parece muito com outros modelos. Afinal, ele também registra a entrada e a saída de valores da empresa.
Contudo, enquanto o fluxo de caixa simples se volta a todos os gastos e entradas, o operacional apenas registra as despesas e ganhos relativas às operações empresariais.
Isto é, ele corresponde ao registro de valores de produção de produtos, assim como de vendas. Igualmente, inclui salários e outros gastos que decorram da atividade empresarial.
Ele é importante justamente por demonstrar se a empresa está obtendo lucros ou não. O Igualmente, quais são as despesas das operações empresariais.
Outro ponto importante diz respeito ao fato de que o fluxo de caixa operacional traz informações sobre os retornos sobre os investimentos.
Dessa forma, ele ajuda na análise sobre a saúde financeira da empresa. Não apenas disso, mas também se a precificação dos produtos e serviços está correta.
Fluxo de caixa diário
Ainda, temos o fluxo de caixa diário que, conforme o nome já indica, corresponde ao controle do caixa diariamente.
Ele considera as entradas e saídas que ocorrem todos os dias, entre o início das atividades da empresa e o encerramento delas.
Assim, permite à empresa ter conhecimento de épocas em que ocorre maiores vendas, bem como alterações bruscas nas operações.
Esse é um tipo de fluxo de caixa que é bastante comum em empresas que possuem muitas movimentações financeiras. Por exemplo, em mercados, panificadoras, lojas do varejo, etc.
Fluxo de caixa: como fazer?
São vários modelos de gestão de fluxo disponíveis para todos os portes de empresas. A seguir, indicaremos dois:
Fluxo de caixa projetado
Como mostramos acima, o fluxo de caixa registra todas as entradas e saídas da empresa e dá uma visão exata a saúde financeira do negócio.
Porém, as informações do caixa também são importantes para que o gestor possa determinar ações futuras
Este fluxo, projetado, permite que, com base nos resultados do seu controle, o gestor seja capaz de:
- Planejar ações futuras com maior tranquilidade;
- Prever a necessidade de ajustes para eliminar perdas e manter-se no azul;
- Projetar investimentos para a expansão da empresa.
A partir das ações destacadas acima, o gestor poderá utilizar a situação presente de sua empresa para planejar o futuro.
Isso só é possível porque o controle de caixa é capaz de indicar desorganizações, discrepâncias e até incoerências financeiras que permitem ao gestor fazer os ajustes necessários e se preparar para o futuro.
Além disso, o gestor consegue visualizar, através da gestão de caixa do fluxo, as despesas que estão aumentando no período e fazer os cortes necessários para que o orçamento da empresa seja sempre saudável.
Fluxo de caixa livre
Com esse método, o gestor consegue saber a capacidade real da empresa em gerar capital em curto, médio e longo prazos.
Em linhas mais simples, ele nada mais é que o saldo restante após o desconto do pagamento dos compromissos (fluxo de caixa operacional).
Assim, pode-se afirmar que o gestor trabalha com duas projeções: uma projeção mais imediata e outra projeção mais longa.
Os gráficos de caixa produzidos nos relatórios de controle permitem que o gestor possa acompanhar o comportamento financeiro da empresa e descobrir se sua expectativa será ou não confirmada.
Caso seja confirmada, o gestor poderá planejar o investimento de seu lucro. Caso não seja, poderá se preparar e planejar para socorrer a empresa financeiramente.
Dicas rápidas
Veja algumas dicas rápidas e bem práticas sobre o fluxo de caixa, para você não ter mais dúvidas!
Faça uma classificação das movimentações financeiras do negócio
Padronização é uma palavra chave aqui. Garantir lançamentos financeiros dentro de um padrão é essencial para descobrir/evitar falhas no processo e gerar/ analisar relatórios estruturados com grande facilidade.
É possível desenvolver, neste ponto, o conceito de plano de contas financeiro.
Em linhas mais simples, trata-se da criação de códigos e classificações para cada tipo de entrada e saída relevante para sua empresa com o objetivo de criar uma lógica de organizar e analisar seus dados, como já citamos mais acima.
Esse sistema é muito importante, já que sem isso os lançamentos financeiros perdem seu sentido, virando números com sinal negativo e positivo somente.
Faça a antecipação dos seus recebimentos e pagamentos
A geração de contas a pagar e receber é essencial para a saúde financeira do negócio. Antecipar o fluxo de caixa pode evitar surpresas e, com certeza, deverá melhorar este quesito na empresa.
Uma das maneiras mais básicas de antecipação são as despesas fixas pagas mensalmente, como aluguel, luz, água, telefone etc.
Por mais que ocorram pequenas variações todos os meses, em relação a certas contas é vale a pena projetar, como contas a pagar nesse exemplo, para que seja possível antecipar com precisão seu fluxo de caixa.
Tudo sob controle
Como pudemos observar no artigo de hoje, a gestão de caixa e do seu fluxo é um recurso importante para que o gestor possa conhecer a real situação financeira de sua empresa e, também, se preparar para o futuro.
Contudo, é importante frisar que, ela somente consegue entregar os resultados descritos quando controlado minuciosamente e com frequência.
O controle das entradas e saídas de sua empresa devem ser feitos rigorosamente e da maneira mais detalhada possível. Informações incorretas, inseridas sem critério e totalmente desatualizadas podem trazer diversos malefícios à empresa.
Como mencionado, uma planilha no Excel bem elaborada pode ser perfeita para pequenas empresas.
Porém, o uso de um software de gestão ou de um serviço de gestão online é fundamental para manter a organização do fluxo de caixa de empresas maiores.
O futuro da sua empresa está no controle do fluxo de caixa!
Problemas com o fluxo de caixa em razão da pandemia? Confira algumas soluções
Em razão da pandemia de Coronavírus muitas empresas têm encontrado problemas em relação ao fluxo de caixa.
Isso porque a atual situação pegou as empresas despreparadas para seus reflexos, uma vez que o alastramento do vírus ocorreu de maneira rápida e silenciosa.
Existem algumas medidas lançadas pelo Governo Federal que podem auxiliar os empresários nesse momento difícil.
Essas medidas, aliás, beneficiam tanto os empregadores quanto os empregados, eis que atuam de forma a evitar que haja o rompimento do vínculo de emprego.
Confira, abaixo, algumas medidas que podem auxiliar o seu fluxo de caixa durante a crise econômica enfrentada pelo país.
Suspensão dos contratos de trabalho
Foi permitida pelo Governo Federal a suspensão dos contratos de trabalho por até 60 dias, consecutivos ou não.
Dessa forma, durante esse período o empregador não possui o dever de pagar salários e, por outro lado, também não há a prestação de serviços pelo colaborador.
Em contrapartida, o Governo garantiu o pagamento de seguro desemprego aos trabalhadores afetados por eventual suspensão do contrato.
Diminuição da jornada
Outra medida também autorizada pelo Governo é a diminuição da jornada com consequente diminuição do salário. Nesse sentido, remuneração e o tempo de trabalho podem ser limitados em 25%, 50% ou 75%.
Dessa forma, caso haja menos demandas na empresa, é possível melhorar o fluxo de caixa com essa medida.
Aos trabalhadores afetados é garantida a complementação salarial com valor proporcional à diminuição salarial com o seguro desemprego.
Adiamento do recolhimento do FGTS
Uma Medida Provisória também permitiu o adiamento do fundo de garantia pelas empresas a fim de auxiliá-las a ter fluxo de caixa.
Isso pode ser feito em relação às parcelas do fundo de março, abril e maio e podem ser parceladas posteriormente sem a adição de juros de mora.
Aliás, o STF reforçou essa possibilidade, validando-a em julgamento recente.
Auxílio para pequenas e médias empresas
Foi publicada uma medida que prevê auxílio financeiro às pequenas e médias empresas com a concessão de empréstimos para a manutenção dos empregos.
Dessa forma, esses valores, com baixas taxas de juros e boas condições de pagamento, devem ser destinados ao pagamento as parcelas trabalhistas mensais.
Por outro lado, a empresa que aderir a essa medida se compromete a não romper empregos pelo período de 60 dias. Caso isso ocorra, por outro lado, a condição será suspensa e os vencimentos das parcelas do empréstimo serão adiantados.
Todas essas medidas, portanto, visam auxiliar as empresas e o seu fluxo de caixa, balanceando as relações de modo que o esfriamento da economia e das atividades empresariais corresponda à sua renda.