Entrevista: Jefferson Pereira, HR Project Analyst

Adaptação e transição são cruciais no contexto atual. Estamos vivendo uma mudança geracional significativa no campo de RH.”

Com uma sólida formação em Recursos Humanos e quase uma década de experiência na área, Jefferson Pereira é um entusiasta da tecnologia aplicada à gestão de pessoas, levando seu conhecimento para seu dia a dia como HR Project Analyst. 

Jefferson Pereira

Aqui, ele compartilhou suas experiências, percepções sobre a evolução do RH e como a tecnologia continua a transformar o campo.

O que despertou seu interesse e fez você escolher essa carreira?

Como muitos profissionais de recursos humanos, minha trajetória não começou diretamente na área de RH, mas na contabilidade, que frequentemente se alinha com o RH em muitas empresas. 

Meu primeiro contato com o RH ocorreu enquanto participava de um projeto de implementação de sistema na área, o que despertou meu interesse pelo campo. Essa experiência revelou o potencial do RH para melhorar práticas internas e criar ambientes de trabalho acolhedores, algo que rapidamente me cativou. 

Desde 2015, estou integralmente na área de RH, atraído pela sua capacidade de influenciar positivamente a cultura organizacional e por oferecer um espaço onde os colaboradores se sentem acolhidos. 

A proximidade com as pessoas e o impacto que podemos ter em suas experiências diárias no trabalho foram os fatores decisivos que solidificaram meu amor pela área.

Você acredita que a sua experiência contábil ajudou a desenvolver uma melhor compreensão das normas e regras dentro da empresa?

Absolutamente. O conhecimento aprofundado em legislação e compliance, adquirido na contabilidade, se mostra extremamente útil no RH.

A transição de carreira entre essas áreas parceiras prepara profissionais como eu para lidar com os desafios similares encontrados no RH, especialmente no que se refere à constante atualização e adaptação às novas normas legais. 

Esse background proporciona uma base sólida para gerenciar as complexidades dos recursos humanos com mais eficácia.

Qual foi o maior desafio que você enfrentou ao longo de sua carreira?

A pandemia foi um divisor de águas para muitos. Para o RH, foi uma oportunidade de reinvenção. Antes, muitas empresas se acomodavam em processos consolidados, mas a pandemia forçou mudanças abruptas. 

Tivemos que adaptar rapidamente as atividades, implementar novas ferramentas e revisar procedimentos. Apesar dos desafios, essa crise permitiu desenvolver práticas mais eficientes, reduzindo custos e otimizando o tempo. 

Foi uma fatalidade global que, paradoxalmente, abriu portas para inovações significativas no RH, principalmente na integração das tecnologias disponíveis que, embora já eficientes, necessitaram de um avanço rápido para enfrentar esse novo cenário.

Como você avalia a adaptação dos profissionais de RH ao cenário digital? 

Adaptação e transição são cruciais no contexto atual. Estamos vivendo uma mudança geracional significativa no campo de RH. 

Muitos profissionais sêniores estão encontrando desafios com as novas tecnologias, enquanto os mais jovens, já nativos digitais, trazem consigo uma afinidade natural com as ferramentas tecnológicas. 

Esta dinâmica cria um ambiente de troca mútua de conhecimentos, onde os mais jovens podem aprender com a experiência dos sêniores e vice-versa.

Apesar de não ser uma transição fácil, ela é enriquecedora. Antes, o conhecimento em programação não era comum entre os profissionais de RH, e o máximo que se esperava era um domínio em Excel. Hoje, as expectativas evoluíram para incluir competências em plataformas digitais e automação de processos.

Este movimento gradual de mudança de geração permite que não percamos a valiosa senioridade enquanto integramos novas habilidades e tecnologias. Se abraçarmos esse período de adaptação como uma oportunidade de crescimento coletivo, ele pode ser extremamente benéfico para todos no setor.

Como é que você consegue se manter atualizado em tudo o que acontece do RH?

Para se manter atualizado no mundo de RH, que está sempre mudando, é essencial primeiro definir claramente quais informações são relevantes para sua carreira, evitando o excesso de dados que podem distrair ou confundir. Não é possível absorver tudo, então focar nas áreas específicas que impactam diretamente sua função é crucial.

É fundamental utilizar um bom filtro para as informações disponíveis, selecionando apenas aquelas provenientes de fontes confiáveis para evitar desinformação. Esse discernimento é uma habilidade crucial para qualquer profissional de RH que deseje se manter eficiente e relevante em sua área.

Qual a sua percepção sobre o RH Analytics?

A primeira coisa a se fazer é manter a calma diante das novas tecnologias como inteligência artificial e People Analytics. Há uma tendência natural ao medo de que essas inovações possam substituir empregos humanos, mas é crucial entender que a parte humana do trabalho é insubstituível. Essas tecnologias devem ser vistas como ferramentas que auxiliam e melhoram nossas funções diárias, não como ameaças.

No Brasil, muitos sistemas não são compatíveis com as demandas modernas de dados e análise, fazendo com que a transição para plataformas mais sofisticadas seja gradual e necessária. 

As bases de dados, muitas vezes dispersas em ferramentas não integradas como Excel, precisam ser unificadas e automatizadas para que possamos utilizar plenamente o potencial das novas tecnologias.

Hoje, o People Analytics ainda é mais comum em grandes empresas devido ao alto custo das tecnologias necessárias. Porém, a tendência é que esses custos diminuam, permitindo que médias e até pequenas empresas possam também aproveitar os benefícios dessas ferramentas. 

People Analytics não serve apenas para análise de custos, mas para fornecer uma visão holística da empresa, ajudando a entender melhor aspectos como diversidade e senioridade dentro da organização.

Qual o seu conselho para quem está começando e deseja desenvolver uma mentalidade de “solução de problemas”?

É preciso entender exatamente o que você deseja alcançar com esses projetos, pois a IA vai executar precisamente o que for programado. A grande provocação aqui é a necessidade de planejamento prévio detalhado, algo que anteriormente poderia ser mais flexível ou automático.

No passado, muitas operações eram automáticas, o que por vezes levava a eficiências questionáveis. Com a inteligência artificial, somos desafiados a pensar meticulosamente antes de agir, a elaborar detalhadamente nossos pedidos à tecnologia. Esse processo de antecipação nos ajuda a evitar erros e a melhorar a eficiência desde o início.

Para quem está começando na carreira de RH, vejo uma excelente oportunidade de experimentar e testar em um ambiente seguro, onde cenários podem ser construídos e ajustados conforme necessário.

Isso é algo inovador e enriquecedor, permitindo-nos ser mais estratégicos e menos operacionais. Os sistemas atuais estão cada vez mais capacitados para lidar com o operacional, liberando o RH para focar em estratégias que realmente agreguem valor à organização.

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