O dimensionamento de enfermagem é essencial para assegurar que a quantidade de profissionais disponíveis atenda às necessidades dos pacientes de maneira segura e eficiente.
E para os profissionais de RH, isso significa não apenas cumprir normas regulatórias ou garantir o melhor controle de escalas, mas também promover um ambiente de trabalho equilibrado e sustentável.
A seguir, veja as principais regras e orientações sobre como planejar um dimensionamento de enfermagem!
O que é dimensionamento de enfermagem?
O dimensionamento de enfermagem é o processo pelo qual se estabelece a quantidade adequada de profissionais de enfermagem necessários para prestar cuidados seguros e eficazes aos pacientes em diferentes ambientes de saúde, como hospitais, clínicas e unidades de longa permanência.
Esse cálculo leva em consideração diversos fatores, incluindo a complexidade dos cuidados requeridos pelos pacientes, o número de pacientes, as normas regulatórias e as diretrizes estabelecidas por órgãos competentes como o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
Assim, o objetivo do dimensionamento é garantir que haja enfermeiros suficientes para atender às necessidades dos pacientes sem sobrecarregar os profissionais, promovendo um ambiente de trabalho equilibrado e eficiente.
Isso ajuda a melhorar a qualidade dos cuidados de saúde, a segurança do paciente e a satisfação tanto dos pacientes quanto dos profissionais de enfermagem.
Qual é a resolução do Cofen que estabelece um dimensionamento adequado para a enfermagem?
A resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) que estabelece os critérios para o dimensionamento adequado de enfermagem é a Resolução nº 543/2017.
Esta normativa detalha como calcular a quantidade necessária de profissionais de enfermagem em diferentes ambientes e níveis de cuidado, assegurando qualidade e segurança no atendimento aos pacientes.
O que considerar ao fazer um dimensionamento de enfermagem?
Os direcionamentos para o dimensionamento de enfermagem são descritos na Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) nº 543/2017.
Essa norma estabelece critérios e métodos para calcular a quantidade de profissionais necessária em diferentes contextos de saúde, assegurando a qualidade e segurança do atendimento.
Assim, isso está descrito no art 2:
Art. 2º O dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem deve basear-se em características relativas:
I – ao serviço de saúde: missão, visão, porte, política de pessoal, recursos materiais e financeiros; estrutura organizacional e física; tipos de serviços e/ou programas; tecnologia e complexidade dos serviços e/ou programas; atribuições e competências, específicas e colaborativas, dos integrantes dos diferentes serviços e programas e requisitos mínimos estabelecidos pelo Ministério da Saúde;
II – ao serviço de enfermagem: aspectos técnico – científicos e administrativos: dinâmica de funcionamento das unidades nos diferentes turnos; modelo gerencial; modelo assistencial; métodos de trabalho; jornada de trabalho; carga horária semanal; padrões de desempenho dos profissionais; índice de segurança técnica (IST); proporção de profissionais de enfermagem de nível superior e de nível médio e indicadores de qualidade gerencial e assistencial;
III – ao paciente: grau de dependência em relação à equipe de enfermagem (sistema de classificação de pacientes – SCP) e realidade sociocultural.
Assim, as principais variáveis a serem consideradas no cálculo são:
- Missão e visão;
- Porte da instituição;
- Política de pessoal;
- Recursos materiais e financeiros;
- Estrutura organizacional e física;
- Tipos de serviços e programas;
- Tecnologia e complexidade dos serviços;
- Atribuições e competências dos profissionais;
- Requisitos mínimos estabelecidos pelo Ministério da Saúde;
- Aspectos técnico-científicos e administrativos;
- Dinâmica de funcionamento das unidades em diferentes turnos;
- Modelos gerencial e assistencial;
- Métodos de trabalho;
- Jornada e carga horária semanal;
- Padrões de desempenho dos profissionais;
- Índice de segurança técnica (IST);
- Proporção de profissionais de nível superior e médio;
- Indicadores de qualidade gerencial e assistencial;
- Grau de dependência do paciente em relação à equipe de enfermagem;
- Realidade sociocultural dos pacientes.
Como fazer o cálculo de dimensionamento de enfermagem?
O próprio COFEN determina um número de profissionais e suas especialidades de acordo com as variáveis listadas acima.
Dessa forma, além de consultar a resolução, os cálculos devem seguir este passo a passo:
- Classificação dos pacientes: use o sistema de Classificação de Pacientes (SCP) para determinar a demanda de cuidados baseada na condição de cada paciente. Essa classificação influencia diretamente na quantidade de cuidados necessários;
- Cálculo das horas de enfermagem: multiplique o número de pacientes em cada categoria de classificação pelas horas de enfermagem necessárias para cada grupo.
- Índice de segurança técnica (IST): adicione um IST de no mínimo 15% ao total de horas calculadas para cobrir ausências e afastamentos, garantindo que não haja falta de profissionais;
- Determinação do número de enfermeiros e técnicos: com base nas horas totais de enfermagem e no IST, calcule o número necessário de enfermeiros e técnicos, considerando as jornadas de trabalho conforme a Resolução COFEN 543/2017.
Quantos profissionais de enfermagem para cada paciente?
O número de profissionais de enfermagem por paciente depende de vários fatores, incluindo a complexidade dos cuidados necessários, o tipo de unidade de saúde (como UTI, enfermarias, centros cirúrgicos), e as diretrizes específicas do local e regulamentações do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
Assim, dos artigos 3 ao 6, são especificadas as orientações sobre:
- Artigo 3: define as horas de enfermagem necessárias por paciente para diferentes níveis de cuidado (mínimo, intermediário, alta dependência, semi-intensivo e intensivo), estabelece a proporção entre enfermeiros e auxiliares/técnicos para cada tipo de cuidado, e determina a proporção profissional/paciente para cada nível de cuidado;
- Artigo 4: especifica as horas de enfermagem e a proporção profissional/paciente para unidades de saúde mental, incluindo diferentes tipos de CAPS e unidades psiquiátricas;
- Artigo 5: aborda o dimensionamento para Centros de Diagnóstico por Imagem, definindo horas de enfermagem necessárias por paciente e assegurando a supervisão de enfermeiros;
- Artigo 6: foca no dimensionamento para Centros Cirúrgicos, detalhando horas de enfermagem por tipo de cirurgia, tempo de limpeza e espera, e a proporção de enfermeiros e auxiliares/técnicos por sala cirúrgica.
Como montar um dimensionamento?
Além de entender as principais regras sobre o dimensionamento, é preciso compreender também como este processo pode ser otimizado por meio de uma visão direcionada para a gestão de escalas e pessoal.
Planejamento operacional
O planejamento operacional no dimensionamento de enfermagem envolve a organização dos turnos e escalas de trabalho para garantir cobertura contínua e evitar sobrecarga.
Assim, ferramentas tecnológicas, como o controle de ponto digital, são essenciais para monitorar as horas trabalhadas e ajustar as escalas conforme necessário.
Além disso, é crucial investir na capacitação contínua da equipe para melhorar a qualidade do atendimento e aumentar a eficiência operacional.
Esse planejamento deve ser dinâmico, adaptando-se às variações de demanda e ao feedback dos profissionais.
Análise de riscos
A análise de riscos no dimensionamento de enfermagem é crucial para identificar e mitigar os impactos da possível falta de pessoal.
Assim, desenvolver planos de contingência para situações de emergência, assegurando que haja um número suficiente de profissionais para cobrir ausências inesperadas.
Para isso, é preciso identificar os principais riscos que podem levar à falta de pessoal, como surtos de doenças, licenças médicas, férias, e demissões inesperadas, analisando o impacto potencial de cada risco nas operações diárias.
A partir da identificação dos riscos, o profissional responsável pela escala deve desenvolver planos de ação para o surgimento dos possíveis problemas identificados.
Distribuição de profissionais
Com base nas horas de enfermagem necessárias e no IST, determina-se a proporção de profissionais de enfermagem necessária para cada nível de cuidado, conforme as diretrizes da Resolução COFEN nº 543/2017.
Cálculo das horas de enfermagem
Para cada paciente, calcula-se o número de horas de enfermagem necessárias com base na classificação do SCP.
Além disso, é incorporado um Índice de Segurança Técnica (IST) de pelo menos 15% ao total de horas para cobrir possíveis ausências e afastamentos não programados.
Monitoramento e avaliação contínua
A avaliação periódica do dimensionamento da equipe é feita com base em dados reais e feedback dos profissionais.
Assim, ajustes são realizados conforme necessário para atender às mudanças na demanda e melhorar continuamente a qualidade do atendimento.
Como a gestão de escalas auxilia no dimensionamento de enfermagem?
A gestão de escalas ajuda a distribuir os profissionais de enfermagem de acordo com os picos de demanda e a complexidade dos cuidados necessários. Isso garante que os recursos humanos sejam utilizados de forma otimizada, proporcionando a quantidade certa de enfermeiros e técnicos para cada turno.
Além disso, uma boa gestão de escalas oferece flexibilidade para ajustes rápidos em caso de ausências ou mudanças na demanda.
Isso inclui a possibilidade de trocar turnos ou convocar profissionais temporários, minimizando o impacto da falta de pessoal e mantendo a continuidade dos cuidados.
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