O compliance nasceu como uma necessidade de se estabelecer relações empresariais de forma mais justa e transparente O termo é recente no Brasil: nos últimos dez anos, foi incorporado ao linguajar empresarial e, em especial, às cláusulas dos contratos entre empresas da iniciativa privada e empresas do setor público.
Isso porque existiu um tempo no qual o mundo corporativo era distinto da realidade que temos hoje. Na prática, ao passo que, da porta para fora, as corporações se mostravam éticas e comportadas, do lado de dentro o panorama era diferente. Tudo era válido para se conquistar novos clientes, vender mais, bater metas, dentre outros objetivos. Ou seja, nas entrelinhas, algumas vezes, “o jogo não era limpo”.
No entanto, com a aparição de práticas como o compliance, esse período controverso ficou para trás. Atualmente, toda empresa que queira tornar-se mais competitiva deve traçar limites rígidos para sua atuação, tanto interna quanto externamente. Isso vale ainda mais para áreas de consultoria e financeiras, que dependem fortemente desse tipo de dispositivo. É por este motivo que, o quanto antes os administradores dessas áreas entenderem o significado do termo, melhor para o desempenho dos seus negócios.
Tendo isso em mente, neste artigo, vamos abordar mais aspectos sobre este assunto. Acompanhe a seguir!
O que é compliance?
Quando uma corporação investe nesse tipo de política, isso significa que ela está atuando de acordo com as leis de onde está localizada, incluindo regulamentos internos e externos. Essa prática deve abranger tudo, sem incoerências. Por exemplo, não adianta uma empresa seguir à risca o que foi estabelecido no compliance, se ela não paga os salários e as bonificações dos seus colaboradores em dia. Ou seja, no fim das contas esse termo se refere a um conceito totalmente elástico — que vai desde o combate à corrupção até o cumprimento das obrigações legais de uma organização.
Por definição, o termo em inglês quer dizer que deve-se agir de acordo com uma ou muitas regras. Ele vem do verbo “to comply”, que significa justamente “cumprir algo”, “obedecer”, “estar em conformidade”. O conceito, na prática empresarial, é basicamente o de garantir que o negócio esteja em conformidade com as leis, normas, padrões éticos e regulamentações, como já mencionamos anteriormente.
Um ponto interessante sobre o tema, é que alguns especialistas consideram a ferramenta um padrão de negócios, já que suas ações e boas práticas garantem que a corporação se posicione com uma postura ética e transparente, não somente em relação aos órgãos públicos, mas também no contato com o mercado de uma forma geral: consumidores, colaboradores, fornecedores, parceiros e investidores.
Como colocá-lo em prática na empresa?
Investir neste processo não é uma tarefa simples, por este motivo, quem deseja estabelecer diretrizes e criar uma postura jurídica de proteção para o seu negócio, deve começar contratando profissionais com conhecimento técnico sobre a legislação. Essa equipe vai fazer um mapeamento da empresa, para compreender quais são as suas práticas, rotinas e pontos do negócio que merecem atenção.
Tendo esses dados em mãos, o próximo passo é elaborar um código de conduta. Este documento trará todas as informações a respeito dos processos que devem ser seguidos por todos os colaboradores. A linguagem do código de conduta deve ser acessível, garantindo que qualquer pessoa possa ler e compreender as diretrizes do negócio.
Em seguida, será necessário disseminar as novas práticas de compliance para todos os profissionais da empresa, destacando a importância deles seguirem as normas e os padrões estabelecidos no código de conduta.
É válido ressaltar neste ponto que os diretores e gestores têm um papel muito importante em todo o processo, já que são eles o exemplo para os seus colaboradores. Deve ficar evidente o esforço da empresa em pautar as suas ações em práticas legais, atuando no mercado de forma íntegra e idônea e que todos os profissionais devem seguir a mesma linha.
Indo além disso, também será preciso investir na criação de canais de denúncia, nos quais os colaboradores tenham um espaço para relatar eventuais atividades que estejam em desacordo com o código de conduta e as normas da organização.
Vantagens de uma política de compliance bem-estruturada
1. Transparência nos negócios
Quem desenvolve estratégias sólidas para compliance na empresa consegue configurar um ambiente de trabalho favorável para melhorar o desempenho dos seus negócios e o seu posicionamento junto ao mercado, além de reduzir riscos jurídicos em geral.
2. Credibilidade no mercado
Sob este contexto, inclusive, as boas práticas contribuem para o ganho de credibilidade junto aos clientes, investidores, fornecedores e até mesmo concorrentes. Também é uma ferramenta importante para as empresas que desejam atuar no mercado externo, por exemplo.
3. Governança corporativa
Outro item notável é a contribuição para o aumento da eficiência e da qualidade dos produtos fabricados e/ou dos serviços prestados, melhorando o nível de governança corporativa e agregando proteção jurídica para as empresas.
4. Gestão interna transparente
O compliance tem tudo a ver com o conceito de gestão à vista. Ou seja, um modelo de gestão que possibilita que os principais itens de controle estejam ao alcance não apenas das lideranças, como também de toda a equipe. São gráficos, dados e informações gerenciais que podem ser rápida e facilmente visualizados e interpretados por todos. E nos formatos mais diversos — desde um quadro na sala de descanso, até em monitores espalhados pelos departamentos.
5. Sucesso nas metas do negócio
Trazendo o item anterior para os KPIs da empresa, quando os indicadores-chave de sucesso estão claros para todos, é fácil realizar ajustes e corrigir desvios, mantendo, assim, toda a organização no caminho certo para compreender o que é transparência e cumprir suas diretrizes.
Considerações importantes sobre compliance
O conceito ainda é novo no meio corporativo brasileiro e está sendo gestado pelas empresas que desejam crescer respeitando princípios sólidos e legais. Por isso, é comum que alguns erros aconteçam durante o processo de implementação.
Podemos citar, dentre as principais medidas a serem evitadas, o uso de tecnologia obsoleta e a adoção de compliance por um único departamento da empresa. No primeiro caso, o problema está na dependência de bons programas para a análise de dados de maneira eficiente, além de ser necessário contar com sistemas seguros e atualizados com as melhores práticas de segurança virtual do mercado. O monitoramento dos setores exige tais mecanismos.
Já em relação ao segundo exemplo, o impacto negativo está em cobrar que somente um setor ou área mantenha práticas éticas em suas relações e processos, enquanto os demais, não. Por mais que ele atue corretamente, poderão haver problemas até mesmo no fluxo de atividades com os outros grupos se eles não seguirem padrões.