O psicólogo Marshall B. Rosenberg desenvolveu uma forma de comunicação, conhecida como Comunicação Não Violenta, que está baseada em despertar a consciência das nossas necessidades e das outras pessoas, onde a fala deve ser realizada, mas sem que machuque ou ofenda.
O que é CNV – Comunicação Não Violenta?
A CNV está baseada nas habilidades de comunicação que visam o fortalecimento da capacidade de nos mantermos humanos, mesmo que as condições não sejam favoráveis. Ela se torna, em um contexto maior, uma forma de reflexão sobre as necessidades das pessoas (tanto das suas quanto das outras pessoas).
Uma forma de comunicar com mais empatia, e tentando evitar o acontecimento de conflitos. Esse tipo de comunicação ajuda na recepção mais favorável de um feedback, quando enfrentamos nossos sentimentos no momento em que recebemos uma mensagem, seja ela feita por telefone, por e-mail, por mensagem ou pessoalmente.
Quando é possível identificar o sentimento que foi gerado ao receber a mensagem, torna-se possível a responsabilização por ele, e escolher a forma de expor o que realmente está ocorrendo, e quais foram as expectativas geradas no próximo.
A comunicação não violenta está relacionada também à prática de empatia, quando recebemos alguma crítica que não era devida. Um exemplo de situação para ilustrar: Você é chamado de desorganizado, sua reação qual é? A aceitação, ignorar a crítica ou retrucar? Nenhuma das reações citadas são consideradas como CNV.
Mas a forma com que a crítica foi direcionada é considerada CNV. No momento que existe uma acusação, significa que algo não foi executado quanto era esperado, e isso pode ter levado à frustação. Mas não significa que de fato, a pessoa que escutou a crítica fez algo incorreto, ela apenas não atendeu às expectativas que foram geradas.
Essa forma de comunicação está diretamente relacionada à forma que a mensagem é emitida quanto por quem a mensagem é recebida. A pessoa que está recebendo a mensagem deve refletir sobre a necessidade que existe “por debaixo” da crítica, e quem está emitindo, precisa refletir sobre a sua necessidade de expressão, mas de uma forma sincera e honesta.
Qual a importância de praticar a Comunicação Não Violenta sua empresa?
Existem muitas empresas, que reforçam que o ambiente de trabalho é um local que feito apenas para trabalhar, e que os sentimentos não devem existir, precisam ser deixados do lado de fora da empresa.
Uma cultura inadequada com discursos onde o colaborador precisa focar integralmente nas suas atividades, na sua produtividade, trabalhar sem hora para parar, inclusive fora do horário do seu expediente, e com isso, sacrificar preciosas horas de sono. Como é possível ser feliz e ter sucesso, seguindo tais padrões?
No contexto apresentado anteriormente, não existe tempo disponível para cuidar de si próprio e da família. Esse é o retrato do sentimento que muitas empresas geram em seus colaboradores, que é a competitividade extrema, que é tóxica, que gera prejuízos nos relacionamentos empresarias e pessoais.
E quando os objetivos traçados não são alcançados, o sentimento gerado é a frustação, deixando que a culpa acabe tomando conta. E com isso, temos a criação de um círculo, que inicia na culpa causado pelo medo de falhar.
Apesar desse discurso ter sido praticado por muito tempo nas empresas, atualmente estamos vivendo em uma outra realidade. Do incentivo às relações mais saudáveis, inclusive as relações trabalhistas, para que os colaboradores consigam conciliar sua rotina pessoal com a profissional, gerando satisfação e qualidade de vida.
Os colaboradores atuam de forma mais produtividade, quando se sentem motivados, e entendem que atuam em uma empresa que valoriza o seu trabalho, e o respeita, enquanto indivíduo e profissional.
Você sabe identificar uma comunicação violenta?
É importante saber como identificar o que está acontecendo de errado com a forma com que estamos nos comunicando, no dia-a-dia. Quais são os hábitos que devem ser melhorados ou abandonados, em alguns casos. E quais são os sentimentos que precisam ser identificados, assim como gatilhos que precisam ser entendidos para melhorar nossa percepção.
Apesar de nem sempre ser simples a percepção, ela existe, e com certeza, em algum momento já aconteceu na sua empresa, e possivelmente, até mesmo com você. Tal formato de comunicação é o princípio da existência do bullying, do assédio moral e até mesmo do preconceito.
Avalie a forma com que as mensagens são passadas, como por exemplo: O seu relatório está péssimo! Essa é uma forma de CNV. Ela poderia ser realizada de uma forma menos agressiva, como por exemplo: Seu relatório está com algumas informações incompletas, poderia por gentileza ajustar?
Entenda como aplicar na sua empresa a comunicação não violenta!
A comunicação é chave para qualquer relacionamento, seja pessoal ou profissional, uma comunicação não fluída traz diversos prejuízos para o ambiente. A partir de uma comunicação eficiente, é possível desenvolver a empatia, com o próximo e consigo mesmo.
Mas a mudança de atitude não é fácil, principalmente se estiver relacionada com sentimentos mais internalizados, e o mais importante, é que no processo não se culpa por praticar a CNV, pois é mais comum do que você pode imaginar, a culpa quando a primeira tentativa é frustrada.
Para auxiliar as pessoas nesse processo de evolução da comunicação, o psicólogo Marshall desenvolveu um framework, que está baseado em alguns pilares:
- Observação (Ao invés de julgamento)
- Sentimento (Ao invés de avaliação)
- Necessidade (Ao invés de estratégia)
- Pedido (Ao invés de ordem)
Essa é uma metodologia que pode ser utilizada tanto para ouvir quanto para se expressar. No momento em que se aprende a observar sem julgar, é possível identificar e expressar sentimentos, tornando possível assumir a responsabilidade pelos sentimentos, o que permite que a vida seja mais leve.
Desenvolvendo assim um sentimento de empatia e se comunicando de forma mais eficiente, além de conseguir ouvir com mais qualidade. De acordo com Marshall, a comunicação deve acontecer dentro desses pilares, para que a prática da comunicação não violenta seja desenvolvida e praticada.